sábado, 29 de dezembro de 2012

Em "Assim falou Zaratustra" de Friedrich Nietzsche:

"E vós me dizeis, amigos, que gostos e sabores não se discute? Mas a vida é uma discussão sobre gostos e sabores!
O gosto: é, ao mesmo tempo, peso e balança e pesador; e ai de todo vivente que quisesse viver sem discutir de peso e balança e pesadores!"

 Segunda Parte. 
Dos seres sublimes, página 148.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012


Guernica
Pablo Picasso


segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

sábado, 22 de dezembro de 2012

domingo, 16 de dezembro de 2012

sábado, 15 de dezembro de 2012

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

domingo, 9 de dezembro de 2012

Ausência

"Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência. 
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim."

Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012



Lenta infância de onde
como de um pasto comprido
cresce o duro pistilo,
a madeira do homem.
Quem fui? O que fui? O que fomos?
Não há resposta. Passamos.
Não fomos. Éramos. Outros pés,
outras mãos, outros olhos.
Tudo foi mudando folha por folha,
na árvore. E em ti? Mudou a tua pele,
o teu cabelo, a tua memória. Aquele que não foste.
Aquele foi um menino que passou correndo
atrás de um rio, de uma bicicleta,
e com o movimento
foi-se a tua vida com aquele minuto.
A falsa identidade seguiu os teus passos.
Dia a dia as horas se amarraram,
mas tu já não foste, veio o outro,
o outro tu, e o outro até que foste,
até que te arrancaste
do próprio passageiro,
do trem, dos vagões da vida,
da substituição, do caminhante.
A máscara do menino foi mudando,
emagreceu a sua condição enfermiça,
aquietou-se o seu volúvel poderio:
o esqueleto se manteve firme,
a construção do osso se manteve,
o sorriso,
o passo, o gesto voador, o eco
daquele menino nu
que saiu de um relâmpago,
mas foi o crescimento como um traje!
Era outro o homem e o levou emprestado.
Assim aconteceu comigo.
De silveste
cheguei a cidade, a gás, a rostos cruéis
que mediram a minha luz e a minha estatura,
cheguei a mulheres que em mim se procuraram
como se a mim tivessem perdido,
e assim foi sucedendo
o homem impuro,
filho do filho puro,
até que nada foi como tinha sido,
e de repente apareceu no meu rosto
um rosto de estrangeiro
e era também eu mesmo:
era eu que crescia,
era tu que crescias,
era tudo,
e mudamos
e nunca mais soubemos quem éramos,
e às vezes recordamos
aquele que viveu em nós
e lhe pedimos algo, talvez que se recorde de nós,
que saiba pelo menos que fomos ele, que falamos
com a sua língua,
mas das horas consumidas
aquele nos olha e não nos reconhece.

Pablo Neruda