segunda-feira, 30 de agosto de 2010

domingo, 29 de agosto de 2010

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Três Metades

Meio dia,
um dia e meio,
meio dia, meio noite,
metade deste poema
não sai na fotografia,
metade, metade foi-se.

Mas eis que a terça metade,
aquela que é menos dose
de matemática verdade
do que soco, tiro, ou coice,
vai e vem como coisa
de ou, de nem, ou de quase.

Como se a gente tivesse
metades que não combinam,
três partes, destempestades,
três vezes ou vezes três,
como se quase, existindo,
só nos faltasse o talvez.

Paulo Leminski

domingo, 22 de agosto de 2010

"A experiência, a possibilidade de que algo nos passe ou nos aconteça ou nos toque, requer um gesto de interrupção, um gesto que é quase impossível nos tempos que correm: requer parar para pensar, para olhar, parar para escutar, pensar mais devagar, olhar mais devagar e escutar mais devagar; parar para sentir, sentir mais devagar, demorar-se nos detalhes, suspender a opinião, suspender o juízo, suspender a vontade, suspender o automatismo da ação, cultivar a atenção e a delicadeza, abrir os olhos e os ouvidos, falar sobre o que nos acontece, aprender a lentidão, escutar os outros, cultivar a arte do encontro, calar muito, ter paciência e dar-se tempo e espaço."
(LARROSA BONDIA, J. 2004,p160)

sábado, 21 de agosto de 2010

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

19 de agosto - Dia Mundial da Fotografia

      Já usei este texto no blog, mas resolvi repetir em homenagem ao Dia Mundial da Fotografia.

      Parabéns à todos que trabalham com a arte de registrar!!!


      O FOTÓGRAFO
      Manoel de Barros

      Difícil fotografar o silêncio.
      Entretanto tentei. Eu conto:
      Madrugada minha aldeia estava morta.
      não se ouvia um barulho, ninguém passava entre as casas.
      Eu estava saindo de uma festa.
      Eram quase quatro da manhã.
      Ia o Silêncio pela rua carregando um bêbado.
      Preparei a máquina.
      O Silêncio era o carregador ?
      Estava carregando o bêbado.
      Fotografei esse carregador.
      Tive outras visões naquela madrugada.
      Preparei minha máquina de novo.
      Tinha um perfume de jasmim no
      beiral de um sobrado.
      Fotografei o perfume.
      Vi uma lesma pregada na
      existência mais que na pedra.
      Fotografei a existência dela.
      Vi ainda um azul-perdão no olho de um mendigo.
      Fotografei o perdão.
      Pilhei uma paisagem velha a desabar sobre uma casa.
      Fotografei o sobre.
      Foi difícil fotografar o sobre.
      Por fim eu enxerguei a Nuvem de calça.
      Representou para mim que ela andava na aldeia de braços com Maiakovski - seu criador.
      Fotografei a Nuvem de calça e o poeta.
      Nenhum outro poeta no mundo faria uma roupa mais justa para cobrir a sua noiva.

      A foto saiu legal.

BARROS, Manoel de. Ensaios fotográficos. Rio de Janeiro: Record, 2000. 68 p.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Estou olhando com outras lentes...

sábado, 14 de agosto de 2010

Alfabetização Visual

Chamamos alfabetização visual à capacidade de ver algo além do mero enxergar. A alfabetização visual permite a percepção e o entendimento de tudo o que se vê, por exemplo, o conteúdo de uma imagem - incluindo seus aspectos formais como perspectiva e profundidade –; enfim, do que representa algo não utilizando palavras. Mais profundamente, no entanto, a alfabetização visual inclui a compreensão da manipulação das imagens e apreciação estética dos meios visuais e de comunicação; além do entendimento de elementos culturais que circundam toda essa veiculação de imagens nas sociedades humanas. Ainda como objetivos da alfabetização visual, há os que não diferem daqueles perseguidos pela alfabetização da língua escrita e falada: dar subsídios ao maior número possível de pessoas para que elas possam aprender, interagir, receber informações, interferir e criar em uma realidade que se apresenta, atualmente - com a diversificação de suportes e de linguagens através do quais se dão as comunicações -, quase que por completo através de recursos visuais.

A alfabetização verbal e escrita não foi atingida com rapidez nem facilidade, portanto o mesmo não ocorreria com a alfabetização visual, mais sofisticada e complexa. Assim como na primeira, na segunda também existem níveis de excelência; há uma grande diferença entra alguém que sabe apenas ler e escrever e outro extremamente culto. Na alfabetização visual, a cultura é adquirida por meio de educação e da aquisição de repertórios, ou seja, além dos ensinamentos técnicos, a experiência em ler o mundo é fundamental.

Sem dúvida, a linguagem verbal é uma poderosa ferramenta de comunicação, mas não dá conta de toda a gama de significados a serem transmitidos entre os seres humanos. A linguagem visual é o novo patamar da interação social, é a chave para uma grande evolução na comunicação e no entendimento entre os diferentes indivíduos e grupos. Ela abre uma infinidade de portas para as possibilidades de expressão, e não só facilita e agiliza sua trasmissão, mas amplia a profundidade dos significados. Utilizamos a linguagem visual cada vez com mais intensidade, e algumas vezes irresponsavelmente, sem a noção dos resultados que serão gerados.


Stephanie Stamm Biglia e Gabriela Lancellotti Zapparolli Pupin
Mais aqui -> http://wiki.eca.luli.com.br/index.php/Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o_visual

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

segunda-feira, 9 de agosto de 2010


Mar Adentro, de Ramón Sampedro

"Mar adentro, mar adentro
e nesse fundo onde não há mais peso,
onde se realizam os sonhos,
se juntam as vontades
para cumprir um desejo.

Um beijo acende a vida
com um relâmpago e um trovão,
e em uma metamorfose
meu corpo já não é mais meu corpo
é como penetrar o centro do universo

O abraço mais pueril
e o mais puro dos beijos,
até vermo-nos reduzidos
a um único desejo:

Seu olhar e meu olhar
como um eco se repetindo, sem palavras:
mais adentro, mais adentro,
até mais além de todo o resto
pelo sangue e pelos ossos

Mas me desperto sempre
e sempre quero estar morto
para seguir com minha boca
enredada em teus cabelos"
Gosto muito deste filme. Gosto da história, gosto dos atores, gosto do cenário. Mas a luz é a que mais gosto. Aliás, luz é tudo!



domingo, 8 de agosto de 2010

O VENTO

Queria transformar o vento.
Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.
Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte física
do vento: uma costela, o olho...
Mas a forma do vento me fugia que nem as formas
de uma voz.
Quando se disse que o vento empurrava a canoa do
índio para o barranco
Imaginei um vento pintado de urucum a empurrar a
canoa do índio para o barranco.
Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.
Estava quase a desistir quando me lembrei do menino
montado no cavalo do vento – que lera em
Shakespeare.
Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelos
prados com o menino.
Fotografei aquele vento de crinas soltas.

Manoel de Barros

sábado, 7 de agosto de 2010

domingo, 1 de agosto de 2010

No meu jardim...