sábado, 22 de setembro de 2012

Sempre tive receio de deixar aqui registrado coisas que penso e sinto sobre determinadas obras. Por insegurança ou preguiça. Talvez as duas coisas.


Apesar da fotografia ser o meu instrumento de trabalho, reflexão e também criação, não é só ela que me inspira.

Outro dia me perguntaram como a arte entrou em minha vida e de fato foi graças a educação. A profissão que me rege. É forte, eu sei, mas é isso. Sou educadora! Não nasci, mas cresci assim.

A fotografia veio como um fôlego dentro desta profissão tão inquietante, impactante e sofrida.

Há muito sofrimento no ato de educar. Sofrimento quase que diário. Sofrimento do educador e do educando.

Madalena Freire tem um livro chamado Educador que na própria capa brinca com as palavras: Educador, educa a dor.

Sim, educar é trabalhar com a dor. Aquela que incomoda quando precisamos lidar com o sistema tão irritantemente precário. Quando precisamos lidar com diferenças gritantes nos valores e formas de pensar. Diferenças que não agregam e sim competem. Que vão contra a a ideia de educar.

Mas também é lidar com o crescimento, dolorido e tão bonito. Crescer que envolve morrer todos os dias. Morrer, matar, renascer.

É um processo lindo, mas pesado. É por isso que precisei do fôlego e na fotografia o encontrei.

Ser fotógrafo também não é fácil. É uma profissão que lida com a estética, com a discussão do belo, mas por outro lado também nos faz entrar em contato com o contrário.

Para quem como eu adora uma reflexão, essas profissões me enchem de tanto pensar.

Ultimamento o pensamento transborda em todos os sentidos.

Conhecimento é poder e também responsabilidade.

Hoje em dia esse conhecimento é dividido num prazer enorme de aprender, numa sede de saber mais e mais... mas também num peso, no questionamento diário: o que faço com tudo isso?

Na educação me encontrei, na fotografia me revelei, mas na arte mergulhei. Arte como meio de reflexão, de criação e construção. Arte como fonte de inspiração e também como forma de tocar o outro. Construir pontes para diálogos, ligações para reflexão e corpo para um crescimento forte. Enquanto pessoa, enquanto coletivo, enquanto gente.

Carla Zavatieri


* Texto que nasceu depois de três dias de encontros, diálogos e de muito ouvir, com diferentes pessoas em diferentes lugares.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Nestes tempos que correm, uma parada se faz necessária!
E eis que encontro com Nina Simone e me envolve, esquenta, arrepia... Tira palavras da minha boca, do meu corpo, da minha cabeça!
Até arrepia! E tudo porque tenho a vida!




Ain't Got No / I Got Life


Ain't got no home, ain't got no shoes
Ain't got no money, ain't got no class
Ain't got no friends, ain't got no schooling
Ain't got no work, ain't got no job
Ain't got no money, no place to stay

Ain't got no father, ain't got no mother
Ain't got no children
Ain't got no sisters or brothers
Ain't got no earth, ain't got no faith
Ain't got no church, ain't got no God
Ain't got no love

Ain't got no why, no cigarettes
No clothes, no country
No class, no schooling
No friends, no nothing
Ain't got no God

Ain't got no earth, no water
No food, no home
I said I ain't got no clothes,no job
No nothing
Ain't got ...
And I ain't got no love

Oh, but what have I got?
Oh, what have I got?
Let me tell you what I got
And nobody's gonna take away
Unless I wanna

I got my hair, on my head
My brains, my ears
My eyes, my nose
And my mouth, I got my smile

My tongue, my chin
My neck, my boobs
My heart, my soul
And my back
I got my sex

I got my arms, my hands
My fingers, my legs
My feet, my toes
And my liver
Got my blood

I got life, I've got lives
I've got headaches, and toothaches,
And bad times too like you

I got my hair, my head
My brains, my ears
My eyes, my nose and my mouth
I got my smile and it's my smile

I got my tongue, my chin
My neck and my boobs
My heart, my soul
And my back
I got my sex

I got my arms, my hands
My fingers, my legs
My feet, my toes
Got my liver
Got my blood

I got life, I got my feet
I've got life

segunda-feira, 17 de setembro de 2012




“O olho vê, a lembrança revê, e a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.” 


Manoel de Barros