sábado, 25 de junho de 2011

O país dos sonhos 


Era um imenso acampamento ao ar livre. Das cartolas dos magos  brotavam alfaces cantoras e pimentões luminosos, e por todas as partes havia gente  oferecendo sonhos para trocar. Havia os que queriam trocar um sonho de viagem  por um sonho de amores, e havia quem oferecesse um sonho para rir a troco de um  sonho para chorar um pranto gostoso.
Um senhor andava ao léu buscando os pedacinhos de seu sonho,  despedaçado por culpa de alguém que o tinha atropelado: o senhor ia recolhendo os  pedacinhos e os colava e com eles fazia um estandarte cheio de cores.
O aguadeiro de sonhos levava água aos que sentiam sede enquanto  dormiam. Levava a água nas costas, em uma jarra, e a oferecia em taças altas.
Sobre uma torre havia uma mulher, de túnica branca, penteando a cabeleira, que chegava aos seus pés. O pente soltava sonhos, com todos seus personagens: os sonhos saíam dos cabelos e iam embora pelo ar.

Eduardo Galeano - O LIVRO DOS ABRAÇOS
Definição da arte 


Portinari saiu — dizia Portinari. Por um instante espiava, batia a porta e desaparecia. Eram os anos trinta, caçada de comunistas no Brasil, e Portinari tinha se exilado em Montevidéu.
Ivan Kmaid não era daqueles anos, nem daquele lugar; mas muito tempo depois, ele espiou pelos furinhos da  cortina do tempo e me contou o que viu:
Cândido Portinari pintava da manhã à noite, e noite afora também.
— Portinari saiu — dizia.
Naquela época, os intelectuais comunistas do Uruguai iam tomar posição frente ao realismo socialista e   pediam a opinião do prestigiado camarada.
— Sabemos que  o senhor saiu, mestre — disseram, e suplicaram:
— Mas a gente não podia entrar um momento? Só um momentinho.
E explicaram o problema, pediram sua opinião.
— Eu não sei   não — disse Portinari. E disse:
— A única coisa que eu sei é o seguinte: arte é arte, ou é merda.


Eduardo Galeano - O livro dos abraços

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Documentário Páginas Ilustradas fala do trabalho dos fotojornalistas, o boom das câmeras digitais, os desafios e o futuro da profissão e dos jornais.



Documentário Páginas Ilustradas from Nathália Cunha on Vimeo.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Eduardo Galeano no programa Sangue Latino.
Esse em especial, além da rica entrevista de Eduardo, a forma como foi editado mostrou uma estética muito bela. Vale a pena assistir!




terça-feira, 7 de junho de 2011

O Nu Eloquente
(Eloquent Nude: The Love and Legacy of Edward Weston & Charis / Ian McCluskey / 2007 / EUA / 57’) Ela era linda, inteligente e inquieta. Ele era um emergente gênio do mundo da fotografia. Quando se conheceram, foi paixão à primeira vista. Atravessando o Oeste norte-americano com uma câmera e uma máquina de escrever, Charis Wilson e Edward Weston transformaram a fotografia e a si mesmos. Agora, aos 90 anos de idade, Charis relembra os anos ao lado do amado Weston com muito humor, sinceridade e algum arrependimento. Este documentário apresenta uma extraordinária história de amor e de perda, viagens e aventuras, e um olhar íntimo sobre o desenvolvimento da fotografia moderna.




sábado, 4 de junho de 2011

Hoje assisti uma série de vídeos do programa Sangue Latino. 
O escritor e jornalista Eric Nepomuceno reuniu escritores, músicos, poetas, artistas plásticos e outros grandes pensadores do continente em conversas sobre a situação política, literatura, música, cultura e política dos países da região, entre outros temas. As entrevistas foram gravadas no Uruguai, Argentina, Chile e no Brasil, sempre em clima intimista e sem uma pauta previamente determinada para cada convidado.
Entre tantos vídeos não pude deixar de compartilhar este com Chico Buarque. Existe um ruído na filmagem, mas mesmo assim vale a pena.




sexta-feira, 3 de junho de 2011

O que caracteriza um artista é ele olhar para dentro de si mesmo. Toda experiência em arte é um experimentar-se, é a experiência de si mesmo, é uma pesquisa em você mesmo. Você não pode fazer experiências com os outros. Este silêncio do olhar para dentro à procura da origem das coisas é que é o grande problema da arte. Procurando a origem você fica original, e não querendo fazer uma coisa diferente. É por isso que eu acho que criar está junto com viver, que arte e vida são a mesma coisa.”

Amilcar de Castro

frase encontrada no post: Vai mais um clichê aí? do   7 fotografia, pesquisa e debate.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Simone Paulino é jornalista e escritora, nesta semana me presenteou com um post em seu site sobre minhas fotos:

"Imprevisíveis

Começa assim, com um enfado pelas coisas conhecidas e gastas.
De repente, explode em centelhas imperceptíveis de cansaço do mundo.
Até que uma palavra solta na página…
Um ângulo inusitado do banal…
Faz ver o invisível…
E lava a alma.
Essa é a sensação provocada pelas fotos de Carla Zavatieri."


Para conhecer mais sobre o seu olhar e trabalho visitem: