quarta-feira, 30 de março de 2011

O que é tristeza pra você?


Artista: Rita Pires
Dirigido, fotografado e editado por: André Saito & Cesar Nery
Trilha: Fê Sztok
Arte Gráfica: Pedro Hefs
Agradecimento: Carla D’aqui, Família Saito, Família Pires, Coletivo Soy Loco por Ti, Érico Massoli.




Artista: Hélio Leites
Dirigido, fotografado e editado por: André Saito & Cesar Nery
Trilha original: Fê Sztok e André Saito
Arte Gráfica: Pedro Hefs
Agradecimento: Carla D’aqui, Família Saito, Família Leites, Coletivo Soy Loco por Ti, Érico Massoli.


Mais vídeos do projeto "O que é tristeza pra você?", projeto de Tomás Tristonho, aqui: http://oqueetristezapravoce.com.br/

domingo, 27 de março de 2011

Creio que estamos cada dia mais perto dos Eloi e dos Morlock!

A Máquina do Tempo (1960)

sexta-feira, 25 de março de 2011

Contigo quero dividir minha solidão

from Pangeia de Dois on Vimeo.


“Posso ver a mesma paisagem muitas vezes e sempre aparecerá algo novo, e todas as paisagens, de todos os lugares, no final podem ser a mesma, pois são imagens que existem mais dentro de mim do que no mundo de verdade. A paisagem respira no ritmo que piscam meus olhos. A imagem respira em si mesma e também dentro de mim.

Essa imagem me deixa só, e essa solidão me impulsiona a seguir buscando. Ela é fraca, ela não fala por si mesma, e essas palavras também são fracas e vazias.

Sei que você não vai ver esta imagem que existe só na minha cabeça, nem vai sentir o que eu pude sentir ao vê-la, mas sei que contigo posso compartilhar um pouco dessa solidão de ter uma imagem que me habita.”

http://www.pangeiadedois.com/

quarta-feira, 23 de março de 2011

A Permanência do Mundo e a Obra de Arte

"Entre as coisas que emprestam ao artifício humano a estabilidade sem a qual ele jamais poderia ser um lugar seguro para os homens, há uma quantidade de objetos estritamente sem utilidade e que, ademais, por serem únicos, não são intercambiáveis, e portanto não são passíveis de igualação através de um denominador comum como o dinheiro; se expostos no mercado de trocas, só podem ser apreçados arbitrariamente. Além disso, o devido relacionamento com uma obra de arte não é "usá-la"; pelo contrário, ela deve ser cuidadosamente isolada de todo contexto dos objetos de uso comuns para que possa galgar o seu lugar devido no mundo. Da mesma forma, deve ser isolada das exigências e necessidades da vida diária, com as quais tem menos contato que qualquer outra coisa. Ao argumento, não interessa se esta inutilidade dos objetos de arte sempre existiu ou se, antigamente, a arte servia às chamadas necessidades religiosas do homem, tal como os objetos de uso comuns servem a necessidades mais comuns. Ainda que a origem histórica da arte tivesse caráter exclusivamente religioso ou mitológico, o fato é que a arte sobreviveu magnificamente à sua separação da religião, da magia e do mito.
Dada a sua suma permanência, as obras de arte são as mais intensamente mundanas de todas as coisas tangíveis; sua durabilidade permanece quase isenta ao efeito corrosivo dos processos naturais, uma vez que não estão sujeitas ao uso por criaturas vivas - uso que, na verdade, longe de materializar sua finalidade inerente (como a finalidade de uma cadeira é realizada quando alguém se senta nela), só pode destruí-la. Assim, a durabilidade das obras de arte é superior àquela de que todas as coisas precisam para existir; e, através do tempo, pode atingir a permanência. Nesta permanência, a estabilidade do artifício humano, que jamais pode ser absoluta por ser o mundo habitado e usado por mortais, adquire representação própria. Nada como a obra de arte demonstra com tamanha clareza e pureza a simples durabilidade deste mundo de coisas; nada revela de forma tão espetacular que este mundo feito de coisas é o lar não-mortal de seres mortais. É como se a estabilidade humana transparecesse na permanência da arte, de sorte que certo pressentimento de imortalidade - não a imortalidade da alma ou da vida, mas de algo imortal feito por mãos mortais - adquire presença tangível para fulgurar e ser visto, soar e ser escutado, escrever e ser lido.
A fonte imediata da obra de arte é a capacidade humana de pensar, da mesma forma como a "propensão para a troca e o comércio" é a fonte dos objetos de uso. Trata-se de capacidades do homem, e não de meros atributos do animal humano, como sentimentos, desejos e necessidades, aos quais estão ligados e que muitas vezes constituem o seu conteúdo. Esses atributos humanos são tão alheios ao mundo que o homem cria como seu lugar na terra quanto os atributos correspondentes de outras espécies animais; se tivessem que constituir um ambiente fabricado pelo homem para o animal humano, esse ambiente seria um não-mundo, resultado de emanação e não de criação. A capacidade de pensar relaciona-se com o sentimento, transformando a sua dor muda e inarticulada, do mesmo modo como a troca transforma a ganância crua do desejo e o uso transforma o anseio desesperado da necessidade - até que todos se tornem dignos de adentrar o mundo transformados em coisas, reificados. Em cada caso, uma capacidade humana que, por sua própria natureza, é comunicativa e voltada para o mundo, transcende e transfere para o mundo algo muito intenso e veemente que estava aprisionado no ser.
No caso das obras de arte, a reificação é algo mais que mera transformação; é transfiguração, verdadeira metamorfose, como se o curso da natureza, que requer que tudo queime até virar cinzas, fosse invertido de modo que até as cinzas pudessem irromper em chamas. As obras de arte são frutos do pensamento, mas nem por isso deixam de ser coisas. O processo de pensar, em si, não é capaz de produzir e fabricar coisas tangíveis como livros, pinturas, esculturas ou partituras musicais, da mesma forma como o uso, em si, é incapaz de produzir e fabricar uma casa ou uma cadeira. Naturalmente, a reificação que ocorre quando se escreve algo, quando se pinta uma imagem ou se modela uma figura ou se compõe uma melodia tem a ver com o pensamento que a precede; mas o que realmente transforma o pensamento em realidade e fabrica as coisas do pensamento é o mesmo artesanato que, com a ajuda do instrumento primordial - a mão do homem - constrói as coisas duráveis do artifício humano (...)"

ARENDT, Hannah - A Condição Humana

Dica de Irajá Menezes

domingo, 20 de março de 2011


arte que te abriga arte que te habita
arte que te falta arte que te imita
arte que te modela arte que te medita
arte que te mora arte que te mura
arte que te todo arte que te parte
arte que te torto ARTE QUE TE TURA


Paulo Leminsk

sábado, 19 de março de 2011


“(...) Ora, não existe verdade que, antes de ser uma verdade, não seja a efectuação
de um sentido ou a realização de um valor. A verdade como conceito é completamente
indeterminada. Tudo depende do valor e do sentido daquilo que pensamos. As verdades, temos
sempre aquelas que merecemos em função do sentido daquilo que concebemos, do valor
daquilo em que cremos. (...). A verdade de um pensamento deve ser interpretada e avaliada a
partir das forças ou do poder que a determinam a pensar, e a pensar isto em vez daquilo.
Quando se fala da verdade no sentido restrito, do verdadeiro tal como é em si, para si e até para
nós, devemos perguntar quais as forças que se escondem no pensamento dessa mesma
verdade, portanto, qual é o seu sentido e o seu valor.(...)”


Gilles Deleuze, NIETZSCHE E A FILOSOFIA



Fonte: http://www3.uma.pt/liliana/index.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=110

sábado, 12 de março de 2011

Traduzir-se


Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
-que é uma questão
de vida ou morte-
será arte?

Ferreira Gullar

terça-feira, 8 de março de 2011

Submundo

GUSTAVE DORÉ


O que diferencia o artista da pessoa comum? A vaidade.


Evidente que gênios também os há. Às vezes, simultaneamente, artistas e gênios. Estes, quando o são, assim como os matemáticos, fotógrafos, carpinteiros gênios, passam pela vaidade, levam-na consigo ou não, mas sua obra é que permanece. Aos que não somos gênios, resta a semelhança na vaidade e a possibilidade de tê-los como inspiração. Fingir o gênio, como se fôssemos. Se vaidade já a temos que nos venha também o rigor, a obstinação, a grande paciência do gênio. Como por esse meio não se adquire um grande talento - o aspecto do gênio ao qual não teremos acesso - tenhamos pois a humildade de reconhecer nossa insignificante pequenez (ainda que vaidosa) e, quem sabe, advenha daí, justamente, qualquer experiência iluminatória.

Na Aurora, de Murnau, o personagem que sonha com uma vida nova precisa retornar à origem de sua auto-imagem, volta mítica, retorno à idéia primeira de identidade. Sua "vida nova" é desejo transposto em fantasia, no sentido psicanalítico, desejo não sublimado, realizado apenas em imaginação e que, inevitavelmente, se confrontado com a realidade, deteriora, distorce. Este o aprendizado da maturidade: resignar-se aos limites do real, estar conforme, separar realidade da fantasia. Resulta daí o conformismo, sintoma na maturidade do luto não resolvido da infância perdida.

E o artista, que precisa resguardar em si o jogo lúdico do faz-de-conta, o mundo mental que se transporta para o mundo concreto através de seus pequenos objetos-idéias, castelos de sonho, sob pena, caso contrário, de enrijecer-se perante a realidade que pretende realçar, desvelar? Como amadurecer, enquanto artista? Talvez todo artista, gênio ou medíocre, possa ter isto para partilhar, a experiência infantil preservada. Se a vaidade é a onipotência infantil arraigada no adulto, o artista, na tentativa de amadurecer, corre permanente risco de, como na piada, jogar fora a criança junto com a água da bacia. Estátua de pedra que olhou nos olhos a realidade, o homem comum carece da experiência artística que lhe forneça as sandálias aladas e o escudo de Perseu. A imagem projetada da Medusa é o que o artista tem para oferecer em tempos pós-míticos. Mas, dilema! perigo! trágico destino, a ele mesmo cabe a travessia que o pode levar ou não ao outro lado do labirinto e uma Górgona inteiramente sua para o flerte. Que espessura tem o fio de Ariadne onde terá de se dependurar o grosseiro artista? Como entender o mecanismo do mundo e não cair vítima do funcionamento de sua engrenagem, nós, paupérrimos artistas, nós que não somos, nem nunca seremos, gênios? 12 / 10 / 2001

Irajá Menezes

http://irajamenezesleituras.blogspot.com/

sábado, 5 de março de 2011


Estereótipos



quarta-feira, 2 de março de 2011