domingo, 19 de setembro de 2010

“Mas a Arte não é prática; não é Filosofia, nem Ciência; não é religião, nem moralidade, nem mesmo crítica social (como muitos críticos dramáticos supõe que a comédia seja). Qual a sua contribuição à cultura, que pudesse ser de importância primordial? Ela tão somente apresenta formas – às vezes formas intangíveis – à imaginação. O seu apelo dirige-se diretamente àquela faculdade ou função, que Lorde Bacon considerava o tropeço no caminho da razão, e que escritores iluminados como Stuart Chase jamais se cansaram de condenar como a fonte de toda insensatez e de crenças errôneas e bizarras. E ela o é, de fato; mas é também a fonte de todas introvisões e fés verdadeiras. A imaginação é provavelmente o mais antigo traço mental tipicamente humano – mais antigo do que a razão discursiva; é provavelmente a fonte comum do sonho, da razão, da religião e de toda observação geral verdadeira. É esta primitiva força humana – a imaginação – que engendra as artes e é, por seu turno, diretamente afetada por suas produções”.

Susanne Langer

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