Análise temática
A temática de LaChapelle, além de única, é de tal forma peculiar que é facil reconhecer o seu trabalho em qualquer parte. No seu trabalho, o absurdo e o exagero de cores, formas, pessoas e situações é constante. LaChapelle cria um mundo estático onde tudo tem brilho e tudo o que compõe a imagem está a posar para e a servir a foto, desde os próprios modelos até um acessório aparentemente sem importância como uma cadeira ou a sebe de um jardim. Tudo, até ao mais ínfimo pormenor é pensado num enquadramento de David LaChapelle.
Praticamente todas as fotografias de Lachapelle contam como que uma história, visto que falam através de personagens que se encontram em situações muito peculiares. Todas essas personagens, têm algo de não-humano, como se fosse ascendência à perfeição através dos seus corpos incrivelmente brilhantes, poses e figuras perfeitamente esculpíveis, à semelhança das representações olímpicas da antiga grécia.
As imagens de LaChapelle estão carregadas de humor, ironia e surrealismo. Uma pessoa nua no meio de um campo verde, um glamoroso transplante facial, ou um catiçal de diamantes numa sala toda pintada de uma só cor berrante, são lugares-comuns no trabalho do norte-americano.
LaChapelle tem o invulgar hábito de colocar pessoas deslocadas no tempo e espaço, em situações opostas às do mundo real, ou no mínimo opostas às que nos habituamos a ver.
O sexo é também uma constante no trabalho de LaChapelle. LaChapelle implicita constantemente o sexo nas suas imagens, sem no entanto nunca o mostrar. Mesmo a nudez, sendo amiúde explícita, tem sempre um sentido estético extremamente apurado e uma razão de ser muito forte.
A temática de LaChapelle resume-se pois, a mostrar imagens inéditas ao nosso cérebro, imagens que, ainda que chegando a nós com referências de imagens anteriores, trazem uma frescura transportada pela habilidade de David LaChapelle de tornar a imperfeição de pessoas e objectos, perfeita.
Análise da composição da imagem
LaChapelle, é com toda a certeza um dos fotógrafos contemporâneos que mais trabalho dedica à fase da composição. Raramente as suas fotos são espontâneas, e quase sempre têm um elaborado trabalho de composição de cor e equilibrio dos vários elementos por detrás.
Por norma, as imagens de David LaChapelle, são extremamente preenchidas, e recheadas de todo o tipo de acessórios e adereços que sirvam a personagem que ele fotografa. Esses adereços nunca são deixados ao acaso, constituindo, por outro lado, um elemento fulcral para a narrativa da imagem.
As personagens das suas obras nunca se encontram muito longe da objectiva, estão sempre apenas longe suficiente para que todo o seu corpo possa comunicar com a imagem. LaChapelle, tem por isso uma predilecção por planos americanos e por planos gerais. Outra característica comum, é o uso regular da profundidade de campo, especialmente nas fotografias de exterior.
Nunca as personagens que integram as suas fotos se encontram numa pose amorfa, neutra, vertical. Ainda que estáticas, estas regularmente encontram-se abaixadas, dobradas, deitadas e muitas vezes com poses que se aseemelham às de um animal quadrúpede.
A confusão inicial transmitida pelas imagens do fotógrafo americano, é após algum tempo substituida pela curiosidade de decifrar todos os elementos que compõe a sua escrita visual. LaChapelle é mestre em ordenar e limpar o caos que invade o seu trabalho.
Análise Cromática
A cor é talvez o elemento mais essencial e mais marcante da fotografia de David LaChapelle. Tendo sido extremamente raras as vezes em que recorreu à imagem dessaturada, a complexa composição de LaChapelle é paralela à complexa composição cromática que marca a sua obra.
Através de uma série de artifícios, o fotógrafo transmite às suas imagens uma cor e uma luz inexistentes no mundo real. As suas imagens, puras fantasias da perfeição, são povoadas por relva absurdamente verde, corpos que estrapulam cor e luz, vestidos rosa-choque e paredes interiors de todas as cores fortes possíveis.
As suas imagens são ricas na saturação, intensas na luminosidade e constantes no contraste. A pele das suas personagens serve de mote para contrapor com a cor das paredes e objectos que a rodeiam. Não é so Jesus Cristo que nas suas representações emana luz, essa característica é uma constante de todas as personagens que alegremente centram as suas imagens. As cores quentes que caracterizam o seu trabalho, transmitem uma sensação de conforto a quem as vê, e uma vonta de participar daquele mundo impossível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário