sábado, 23 de fevereiro de 2008

"...Porque sou a mistura de caos e jardim...."

Ao meu redor estão sempre as mesmas pessoas. Elas parecem precisar de mim. Estou sempre apagando luzes e fechando portas. Saio por último. Olho de novo só pra ter certeza de que não esquecemos nada. Ás vezes fica uma toalha, um par de sapatos, uma meia-calça perdida. Paciencia. Nada que vá fazer muita diferença. À noite, as estradas são todas iguais. Como é dificil dormir em movimento. Estamos lado a lado mas só consigo te afagar em sonhos. E repito: os espíritos estão vendo tudo. Estou sempre apagando luzes e fechando portas. Saio por último. Ao meu redor estão sempre as mesmas pessoas. Pareço precisar tanto delas. Paciência. Nada que vá fazer muita diferença.
*
Sobre tantas coisas...

E lá estava ela, pensando só, ali com seus botões. Tinha mania de se perguntar. E perguntava. Mas nem sempre se respondia. Vai saber porque diabos se perguntava tanto sobre tantas coisas. Talvez porque já tivesse perguntado pra muita gente por aí. Talvez, muita gente por aí, não tivesse conseguido responder tanto sobre tantas coisas. Gostava de se refugiar nas ramificações frondosas de seus próprios pensamentos. A janela aberta sugeria paisagens de outras árvores, rios, vilarejos, cidades...grandes e pequenas. E assim, se vendo, se perguntava quem haveria de ser ela se acaso tivesse escolhido a primeira cidade, a barra da saia, a comida posta. E se tivesse ela escolhido o casamento? Se tivesse voltado atrás? Se tivesse reagido certa vez? Quem haveria de ser ela? Ela mesma se respondia mas depois duvidava de suas próprias explicações. Gostaria de voltar no tempo e mudar um instante qualquer de sua vida. Se ainda assim, a sua história continuasse a ser a mesma, da menina e de sua casa na árvore, descobriria logo que nunca teve escolha. Se acontecesse então de outro jeito, um tanto assim diferente, e não houvesse mais nem menina e nem casa na árvore, acabaria por entender que, cada escolha que faz, altera ruas, casas, sonhos e verbos da sua história. E das histórias de muita gente por aí. E assim passava o tempo - sempre pra frente, nunca pra trás - sempre se perguntando, se respondendo, se duvidando. E se perguntando de novo, até ter certeza. Gostava de se refugiar nas ramificações frondosas de seus próprios pensamentos. E ali ficava, pensando só, lá com seus botões, se em algum outro lugar, no tempo ou no espaço, haveria ou não de haver, alguém como ela assim, sempre a se perguntar, em meio a tantos “se”, quem haveria de ser....

Textos: Maíra Viana
http://www.mairaviana.blogger.com.br/

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