Cantor, compositor, arranjador, músico e produtor. Poucos artistas reúnem talento em tantas atividades. Já no começo dos anos 80, o público, perplexo, via Lenine e seus companheiros invadindo o palco com bumbos rústicos, entoando tradicionais maracatus pernambucanos com uma linguagem pop e equilibrando os acentos regionais de sua música. Cerca de 15 anos ainda se passariam até que o gênero fosse aceito em âmbito nacional e Recife (PE) fosse vista como um novo pólo de criação musical no Brasil.
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Aos 17 anos, em sua Recife natal, Oswaldo Lenine Macedo Pimentel montou com um amigo a loja de discos Wave, para estar mais perto dos desejados LPs importados. Só então ele despertaria para a música brasileira. Dois anos depois, foi acompanhar o nascimento de seu primeiro filho, no Rio de Janeiro (RJ), onde pretendia passar um ou dois anos, mas foi ficando, ficando... Inscreveu-se no festival MPB Shell 81 com a música “Prova de fogo”, de sua autoria. No ano seguinte, gravou seu primeiro disco, “Baque solto”, em parceria com Lula Queiroga. Em 1993, em dupla com Marcos Suzano, lançou o segundo LP, “Olho de peixe”. Quando viu, já tinha adotado o Rio.
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Nesse tempo, Lenine se revelou um compositor de mão cheia. Hoje, mais de 500 músicas levam sua assinatura, sendo que cerca de cem delas já foram gravadas por ele ou outros artistas. Esta rica obra inclui até mesmo oito sambas-enredo campeões do carnaval de rua carioca.
Em 1997, Lenine lançou seu primeiro disco solo, “O dia em que faremos contato”, considerado um marco da MPB por unir acústica, tecnologia eletrônica, raízes regionais e linguagem pop internacional para dar novos rumos à música brasileira. O CD lhe rendeu dois prêmios Sharp.
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Após uma grande turnê nacional, Lenine se apresentou na Cité de la Musique, em Paris, em 1999, o que alavancou sua carreira na Europa. No mesmo ano, ele lançou o CD “Na pressão”, que revelava toda a diversidade brasileira ao misturar maracatu, xote, samba, rap, coco, jungle, xaxado e trip hop. Lenine se colocava como um “cronista sonoro” do Brasil de fim de década/século/milênio, radiografando fielmente o cotidiano da nação.
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Desde então, Lenine tem feito shows em dezenas de países. Em três anos, ele se apresentou para mais de 800 mil pessoas no exterior. Em 2001, este pernambucano de alma carioca esteve em 14 cidades da França, onde seu público é mais significativo e “Na pressão” vendeu 30 mil cópias, sendo sempre apontado como um dos nomes mais representativos da nova música brasileira.
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O ano de 2001 marcou a presença de Lenine no cinema e no teatro, visto que o artista assinou a direção musical do filme “Caramuru – A invenção do Brasil”, de Guel Arraes, e da trilha sonora da peça “Cambaio”, de Chico Buarque e Edu Lobo. Na TV, suas músicas estiveram nas novelas "As filhas da mãe" e “O clone”, além do infantil "Sítio do Picapau Amarelo".
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Lançado simultaneamente em dez países, “Falange canibal”, álbum de 2002, contou com participações especiais de diversos artistas brasileiros e estrangeiros de variadas vertentes musicais. Lenine segue sua viagem inovadora sem encontrar as tais barreiras supostamente impostas pela língua.
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